terça-feira, 29 de março de 2011

AFINIDADE

AFINIDADE
Zenaide Giovinazzo

Afinidade é o entendimento entre corações,é quando a distância não doi pois existe a certeza de que nada mudará. Afinidade é saber respeitar o tempo e o espaço do outro, afinidade é a mais pura amizade, é a compaixão, é o encantamento, a lealdade, é o silêncio, a espera. Não existe diferença entre sexo, idade,cor da pele, religião. Existe afinidade, e ponto! Afinidade é espontânea, não aceita compromisso,Afinidade não é amor... ela é muito mais que isso.

terça-feira, 22 de março de 2011

JAPÃO - UMA VIAGEM NO TEMPO!

Esta é a viagem no tempo que se começa dando corda numa singela caixinha de música. Enquanto a canção tão suave se esvai a dançarina rodopia alegre e discreta em sua pequenina base. Os olhos da mulher de verdade se fixam naquela evolução que faz a mente levitar pelo universo afora. Pela janela a brisa se encarrega de trazer a essência pura das flores das cerejeiras e mais além, por caminhos de pedra, uma garoa finíssima tece uma cortina multicor com as agulhas dos raios do sol. A bonequinha japonesa segue em sua dança de corda naquela ilusão da pequena máquina. A japonesa real sonha com os seus sonhos possíveis e impossíveis e em meio a sua face tão branca, seus olhos rasgados se destacam como se fosse uma criatura de muito além. O colorido do seu quimono e todos os seus acessórios abrindo as milenares páginas de uma cultura tão especial e curiosa. A pequena bailarina encerra sua dança e com ela o mundo pára também. Foram-se as cores, extinguiram-se os aromas e a garoa se transformou numa chuva de lágrimas. Só os sonhos, os possíveis e os impossíveis é que se mantém de prontidão. Para onde foram as flores das cerejeiras? Quem teria soprado para tão longe o aroma mais puro? Que silêncio é aquele que calou a canção e petrificou a pequena dançarina? Foram-se as flores, seus aromas, seus amores e também; todos os temores. Só um cogumelo gigante é que tomou conta da cena e assim, acabou com o Japão. A história escrita com tantas dores não permitiu a entrega nem o desânimo e praticamente do nada, um novo Japão nasceu tão imponente quanto o nascer do astro rei que o transformou no país do sol nascente. Pequeno em extensão, mas gigante em sua força de reconstrução o Japão superou a todos e a si próprio. E ganhou o mundo com sua tecnologia e sua tradição. De repente, tantos anos depois da bomba, a jovem japonesa de então, carregando agora o peso de sua idade redescobre perdida sua caixinha de música e tenta lhe dar corda na esperança de ver a bailarina dançar outra vez. As engrenagens enferrujadas demoram a obedecer o comando e a pobre idosa fica decepcionada. Sentada em sua cadeira esquece a caixinha agora inútil e fica relembrando a sua viagem no tempo até que adormece e volta finalmente a sonhar. Em seu sonho, caminha por sobre as pedras em meio às cerejeiras floridas sentindo na pele alva o frescor de uma brisa tão conhecida. A garoa finíssima lhe toca o rosto como a mais fina cortina e ainda adormecida, ela sorri para os encantos da vida. Quando acorda bruscamente revive de certo modo um pesadelo antigo, mas agora sem cogumelo. A terra tremeu e as águas vieram violentas, destruindo e carregando tudo. Novamente tantos outros sonhos se apagaram em frações de tempo como no dia da bomba. Novamente o Japão foi à ruína e mais uma vez o silêncio tomou conta dos corações pasmos diante de tamanho estrago. A pobre idosa segue recostada em sua cadeira olhando sua antiga caixinha de música agora inerte. Foram-se a canção, a dança, as cores, as flores e todos os aromas... De repente, como um desses milagres que a gente duvida, a caixinha voltou a tocar e a pequenina boneca japonesa começou a dançar outra vez com sua expressão de alegria eterna. A pobre idosa primeiro abriu um sorriso e refez uma insólita viagem através do seu tempo.
Tudo muito rápido! Depois, em sua face já tão marcada pelos anos, deixou escorrer suas lágrimas cristalinas com o coração palpitando e lá, no fundo de sua alma, a mesma esperança antiga se apresentou para lhe dizer que em breve, as cerejeiras estarão novamente floridas e o inconfundível aroma vai se espalhar por todos os cantos para anunciar que o Japão se refez mais uma vez!
-PEDRO BRASIL JUNIOR -
22/03/2011
-publicado originalmente na Usina de Letras

quarta-feira, 16 de março de 2011

A POESIA DE ELIZABETH BISHOP

UMA ARTE
-Elizabeth Bishop-
“A arte de perder não é nenhum mistério; Tantas coisas contêm em si o acidente De perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero, A chave perdida, a hora gasta bestamente. A arte de perder não é nenhum mistério. Depois perca mais rápido, com mais critério: Lugares, nomes, a escala subseqüente Da viagem não feita. Nada disso é sério. Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero Lembrar a perda de três casas excelentes. A arte de perder não é nenhum mistério. Perdi duas cidades lindas. E um império Que era meu, dois rios, e mais um continente. Tenho saudade deles. Mas não é nada sério. – Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada. Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério."
Tradução de Paulo Henriques Britto

sexta-feira, 11 de março de 2011

DOAÇÃO

DOAÇÃO -Wilma Julia Werner- Enquanto as pessoas se violentam Em seus cérebros escorregadios, Maquinam armas nucleares, Eu aqui, busco dentro do meu mundinho Tão só uma palavra que seja um presente, Para lhe ofertar. E na escuridão que engole tudo Falo de amor, que perfuma o mundo E coloca as almas de joelhos. Falo dos anseios, dos medos, de mãos postas Pedindo benção, falo de Deus, de vida, de alegria. Peço ao Criador que minha poesia Possa lhe dar um pouco de um mundo diferente. E embalar suas emoções. O mundo lá fora se lamenta e chora E as crenças mortas falam nos altares. E eu aqui, na solidão que me afoga, Acaricio palavras para lhe ofertar, Como se fosse pão, que mata a fome e alimenta a alma. Lhe dou de presente minha essência, Meu céu criado com poder, Pronto pra te amar e , enquanto lá fora as pessoas mendigam, Atenção, carinho, amor... Aqui eu faço-me e te dou de presente. E nas letras da minha poesia, eu criei um mundo diferente. E enquanto lá fora, o egoísmo engole o mundo, Eu aqui me transformo em amor e me dou a você, De presente

segunda-feira, 7 de março de 2011

UMA SANTA PARA ILUMINAR A IMENSIDÃO DOS ANDES

Uma onda de silêncio invade o entardecer dessa segunda-feira um tanto diferente, solta entre o domingo e o feriado de carnaval e, portanto; completamente entediosa para quem precisa deixar o trabalho em dia. Entre algumas tarefas definidas a gente dá uma paradinha para pensar na vida enquanto ali na tela do televisor os acontecimentos vão desfilando um após outro entre a alegria e a tragédia dos chamados foliões. Alguém apenas diz: “coisas da vida”. Pois então, a vida é uma coisa qualquer que empurra multidões pelas ruas a decompor energias para simplesmente festejar. Mas a vida é outra coisa para quem precisa concentrar suas energias em benefício dos demais. Ambos os lados ocupam grandes espaços nesta complexa balança da existência. Mas nossas vidas são desenhadas por inúmeras fases e é preciso saber atravessar cada uma delas com sentido aguçado para abrir novo portal e ir assim, construindo um objetivo concreto. A multidão grita em coro suas canções, vibra pela magia eufórica de poder extravasar, de poder se expor, de poder se sentir de certo modo um tanto mais livre. Esta mesma multidão nem lembra da oração! A oração fica por conta dos retirantes, dos que reforçam os alicerces do mundo, dos que conduzem almas, dos que resguardam os magníficos portais. A oração nos transporta até Deus e nos leva a passar por lugares inimagináveis. A oração nos leva também a homens e mulheres santificados por quanto do que aqui fizeram em sua passagem. Neste parêntesis de minhas tarefas me desloquei aos Andes, já que a passagem do silencio não poderia sugerir mistério maior. Nesta singular viagem de alguns minutos acabei encontrando uma santa desconhecida para mim, mas muito interessante em sua história, em sua passagem. Não vou poder me estender ao tema, mas vou deixar ao final o endereço do blog onde vocês poderão ler todo o relato e conhecer sua história. E desde já vou crivando o agradecimento ao Lúcio Mendes pelo seu brilhante trabalho, que objetiva registrar historicamente os santos e assim, brilhantemente exaltar o poder da oração. Santa Teresa dos Andes é nesse instante a nossa companheira nessa curta viagem através de uma paisagem imensa, indescritível, mas que de alguma maneira nos enche o coração e alma de energias puras. Ela foi uma jovem chilena de família aristocrática e que se tornou religiosa carmelita, iluminando com suas extraordinárias virtudes e fenômenos místicos o firmamento da igreja há sete décadas. Joana Fernandes Solar, que mais tarde seria Santa Teresa dos Andes, nasceu em Santiago do Chile, em 13 de julho de 1900 e desde muito pequena já dava mostras de sua luz tão especial. Conheça sua história em:
E desde já, o meu desejo que ela a todos ilumine com sua poderosa luz e que nos permita seguir adiante enaltecendo a oração e procurando com esforços, cada um de nós, a criar um mundo melhor, mais justo e embasado na paz e na luz divina.